No armário da memória

Nenhuma história de amor, por mais breve que tenha sido, nasce com um ponto final. Todas estão pausadas em alguma gaveta do passado.

Como camisas dobradas e esquecidas no armário da memória, elas podem ser vestidas novamente. Talvez ainda sirvam, talvez não, depende do quanto estamos dispostos a reviver aquilo que era bom, juntamente, com tudo aquilo que nunca foi. 

Autocuidado

Aprender a se ver

Cura a alma baleada

Se cuidar e se entender

Te torna, para ti, a mais amada

A sobra

 Daqueles dias

-

de beijo molhado,

de mãos dadas suadas,

de abraço apertado,

de sorriso fácil, 

de coração disparado

-

Só sobrou saudade.

Meu forte: eu

Enquanto tiver companhia

Cultive as lacunas de solidão

Não se iluda com a calmaria

O 'nós' a qualquer momento vai ao chão.

Ponto de vista

Quando eu me percebi no teu olho,

Me enxerguei apaixonada,

Enquanto tu,

Ao me encarar,

Se viu intimidado.


Quando te abracei demorado,

Me senti protegida,

Enquanto tu,

Ao meu enlaçar,

Se viu desconsertado.


Quando eu te contei segredos,

Me achei entrelaçada,

Enquanto tu, 

Ao me ouvir,

Se viu entediado.


Sempre quando eu te amei.

Me achei determinada

Enquanto tu,

Perante a isso,

Sempre se viu sufocado.