Eu errei [junto] contigo.
Desculpa [obrigada].
Amor não dá pra segurar, por isso, não quebra.
Amor não dá pra tomar, por isso, não termina.
Amor não dá pra ouvir, por isso, a gente não enjoa.
Amor não dá pra respirar, por isso, a gente não percebe.
Amor não dá pra engolir, por isso, não satisfaz.
Amor não dá pra ver, por isso, a gente se engana.
Um porre de amor é pior que o de vinho.
Porque depois tu nunca mais quer ver vinho na tua frente,
já o amor...
Após meses de descobertas e redescobertas, semanas e semanas de reflexão e dias e mais dias para tomar uma decisão: lhe escreveu uma carta.
O que estava escrito?
Algo sobre gostar, sobre gostar muito e muito.
Era pra ser só uma folha de papel, mas a paixão foi destrancada do porão.
Este não é um poema sobre signos
É sobre duas crianças que pensavam ser adultas
É sobre aquele passeio do colégio sem os pais
É sobre fugir (apenas uma tarde) dos pequenos problemas que criávamos por amor
Tudo era isso, era tudo pra isso
Um abraço infinito, apertado e cheio da mais pesada liberdade
Aí, vem um inevitável procurar de bocas
Viciadas bocas, fontes do pecado
E desde quando criança peca?
Como um salvar mútuo entre afogados
A respiração boca a boca foi executada
Éramos só nós, o escuro e a luz daquele aquário.
Ainda apaixonada por
aquele que foi inventado
Ainda lembrando do
nosso beijo no ginásio
Ainda sentindo as
borboletas no estômago
Ainda a vergonha
pintando meu rosto
Ainda lembrando de
um primeiro moço
Daquele pavor
Daquele calor
Daquele torpor
Daquela dor