Ela me ama

   Quando ela me entregou aquele papel cor-de-rosa, eu não acreditei que ela tinha mesmo escrito uma cartinha de despedida para mim, eu achei inocente, até ler o que estava havia nela.



    Gufi, lembra de quando tudo isso começou? 
    Nem eu.


    Vou sentir tanto a sua falta, mas será melhor assim. Quero lhe agradecer pelos conselhos ditos de forma nua e crua, que causaram giros de 360º na minha vida. Tu me confundiu, me divertiu e me feriu com esse seu jeito mal educado. Ninguém é perfeito. E mesmo assim, eu ainda gosto de ti. Porque tu me entende e se interessa (ou finge se interessar) com o que eu digo... Vou sempre me lembrar da gente com um sorriso no rosto.


    Juntos criamos uma dimensão paralela, onde só existe nós. 


Conseguiu campeão, tu me ganhou.



   Eu achei tão bonito da parte dela... Aquelas palavras não pareciam ser da menina encabulada que ficava vermelha na minha frente, aquelas palavras eram de uma mulher. Eu a vi crescer e agora terei que engolir o ciúme e deixar que ela viva sua vida.
   Eu me odeio por não amá-la. Pois eu vejo o quanto ela me ama nos olhos que raramente se encontram com os meus, e ela os força para desviarem da verdade e ri de nervoso feito criança, ela também me diverte. E o pior é que ela sabe que eu não a amo, e nunca a amarei, pelo menos nesta vida. Eu lhe quero muito bem (na cama comigo quem sabe)...
   Não deveria ter aceitado essa carta, que mexeu comigo. Isso lhe deu esperanças, eu sei. Só que eu não posso magoá-la, não desta vez, por egoísmo. Não devo lhe dizer que se algo acontecer entre nós, tudo estará terminado, toda a fantasia se diluirá numa situação constrangedora, até para mim. Ela ainda não percebeu que só me ama porque não me tem. Confesso, apenas para mim, que eu amo que ela me ame. É horrível, mas esse sou eu, e mesmo assim ela me ama.