Verdades

   Não é ciúme do passado, é a necessidade de ter certeza, de que qualquer coisa que sentiram por ti, não chega aos pés do meu desespero de te ter comigo.
   Não é inveja da beleza dela, é a necessidade de tranquilidade, de que tu só tem olhos pra mim e que eu preciso é ter pena, se ela acredita no contrário.
   Não é baixa autoestima, é que eu não gosto de lembrar que antes de tu me conhecer, eu não existia na tua vida, isso explica tua falta de boas referências.
   Não é que eu tenha um baita ego, é que tu me botou três metros acima do céu e daqui eu não desço mais.
   Não é que eu acredite em tudo o que tu diz, mas tuas atitudes não me deixam mentir que tu orbita ao meu redor.

O primeiro dia que terminou

   Eu acabo de me dar conta de que a gente está terminando e já fazem dois meses. Foi naquela quinta-feira, quando eu disse que aquele era o dia do fim do nosso namoro. Eu não falei da boca pra fora, eu falei sério, mas nem eu mesma acreditei em mim.
   Agora, passado algum tempo eu me deparo comigo mesma cortando os laços, dia após dia.
   Vou te dizer que eu quero muito acabar com tudo, tudo aquilo que construímos sob a areia movediça ou sobre um vidro que não foi temperado.
   Eu desejo que toda a incerteza
                                     indecisão
                                     mágoa
                                     desconfiança
                                     intolerância
                                     revolta
                                     falsidade
                                     omissão
                                     distância
se desfaçam, pra gente limpar a alma e o coração.
   Pra seguirmos em frente livres, estando juntos ou não.

De dentro pra fora

   Pra não doer tanto, a gente disse que era um 'até logo' e mesmo assim, quando tu cruzou o portão, eu fui esfaqueada, de dentro pra fora.
   A separação havia sido ensaiada tantas vezes, mas na hora eu esqueci o texto, meu lugar na cena e pra onde eu deveria olhar. Eu esqueci da luz, eu esqueci da plateia, eu esqueci dos fãs que me aguardavam no camarim, eu esqueci da maquiagem e borrei meus olhos, com mais lágrimas do que aquele drama pedia.
   Eu esqueci de mim, eu te quis de volta, eu não quis perder de lado nenhum, eu  quis fazer errado mais vezes. Mas naquele momento, acima de tudo o que eu queria, eu escolhi ser melhor.
   Eu te libertei e isso doeu mais em mim do que em ti. Porque o sentimento de quem possui, é mais intenso do que o de quem é possuído.
   Quem comanda o jogo,  fica com as responsabilidades, com as conquistas e as falhas. Quem dá as cartas, não quer soltar a rédea, entregar a chave do cadeado ou indicar a saída.
   E no fundo, quem escraviza, está mais submisso do que o escravizado.